Crônicas do "Da C.I.A"

Tuesday, February 27, 2007

Googlelicismo

É a nova religião. O Deus deles, é muito óbvio, é o próprio: o Google. Os Googólicos ( pronunciar "gugólicos" ) crêem em Deus Google e estão espalhando cada vez mais seus dogmas. Todo mundo já viu os sinais da influência do Googlelicismo ( pronunciar "gugoulicismo" ) por aí. Reparem bem: Todos se referem a Google com a reverência digna de um Deus, ou seja, sempre com letra maiúscula.
O Googlelicismo pretende-se uma Igreja do saber, do conhecimento. Não esperem encontrar um googólico em Cuba ou na China: As restrições de governos totalitárias são enormes ao Googlelicismo. Também não procurem entre o povão do Zaire, do Haiti ou dos rincões e favelas profundas do Brasil ( afinal de contas, "o Haiti é aqui" ) seguidores do Googlelicismo: Além de religião do saber, é uma religião da elite esclarecida.
O Googólico confia extremamente em seu Deus. Eles O buscam para esclarecer tudo, tudinho. Se alguém está se iniciando no Googlelicismo e, por sua ignorância, procura informações sobre o "xwarzeguer", o "Deus Google, sabendo da pobreza intelectual e, porque não, espiritual do novo adepto, humildemente sugere: "Você quis dizer: schwarzenegger".
O Googlelicismo ainda está a se expandir. Seus defensores assentam a superioridade de sua religião com um argumento que, resumido, é mais ou menos assim: "De outro Deus também popular, dizem que é onipresente, onisciente e onipotente. Nosso Deus AINDA não é onipotente mas já é onisciente, ele sabe de tudo. QUanto à onipresença, ele vai além deste conceito. Se você não possui uma mente muito evoluída poderá até se assustar com o termo: Onipossensa. O Google possui tudo, tudo está no Google. Faça um teste perguntando a Deus sobre seu nome completo e entre aspas: Ele encontrará algo revelador sobre sua vida que já está dentro do nosso Deus".
De todas as religiões do mundo, não há nenhuma mais aberta ao diálogo do que o Googlelicismo. Vá conversar com um muçulmano radical sobre as virtudes do catolicismo. Vá explicar ao pai do Mel Gibson que o judaísmo é uma religião tradicional, culta e bela. Vá falar para um judeu frequentar um terreiro de umbanda. Em todos estes casos, você ouvirá um estrondoso "Não" que pode vir ou não acompanhado de socos e pontapés. Já o Deus Google não, Deus que é da informação e do conhecimento, quando você pergunta a ele algo sobre o islamismo, ele te dá inúmeras referências. O mesmo faz com judaísmo, macumba, umbanda, catolicismo, cristianismo ou wicca.
Como era de se esperar, já há movimentos religiosos a se aproveitar da filosofia do Googlelicismo e, de certa forma, distorcê-la. É o caso de uma tal "Wikipédia" que também se pretende religião do saber. Desnecessário dizer que a cópia é bem pior do que o original: A Wikipédia ( ou WIkipedismo ) está ainda envolta em muitas nuvens, muitos debates internos e muitas correntes internas disputando se as definições da religião são ou não "imparciais". O Googlelicismo é muito mais plural, tanto que até indica alguns conceitos da recém-nascida "Wikipedia" a seus devotos: Nada escapa da abertura intelectual do Googlelicismo, nem mesmo aquilo que lhe quer derrubar.
O Googlelicismo, onde chega, fica. O Googlelicismo não tem fronteiras, mas ainda assim respeita as soberanias nacionais. Vá você aqui no Brasil tentar adentrar o templo original de Google, e ele já logo te apontará o templo nacional: Com efeito, a maioria dos brasileiros não entenderia os conceitos passados por Google em seu templo original. Muito diferente dos resultados obtidos na catedral brasileira.
Os Googólicos já estão por toda a parte. Tomem cuidado especialmente quando forem debater religião com eles. Na verdade, é sempre um perigo debater com um Googólico: Em apenas 15 minutos de pesquisas junto ao Deus deles eles já saem por aí a se dizer especialistas e sabichões. A pior burrice que você pode fazer contra eles é se envolver em debates via Internet: Aí então o Googólico terá um tempo muito maior para rebater e aprender cada trecho do que você argumentar. Para piorar: Se você está a escrever ou referenciar algo nunca antes "citado" na Internet, em menos de 48 horas o Deus Google, expansivo que é, já englobará sua citação. Sua única chance contra eles é debater frente a frente e longe de computadores.
Para encerrar, alerto: O Googlelicismo ainda não está disponível como informação em seu próprio templo. Até hoje, o Googlelicismo agia apenas subliminarmente. Como eu vim aqui e revelei este "segredo", não tardará para que o Deus Google comece a apontar para cá como fonte de informação dele mesmo. E as referências ao assunto se encerrarão aqui mesmo até que outras pessoas revelem novos segredos da religião por aí. Ou até que algum ex-Googólico venha a público revelar detalhes sobre os seguidores que ainda não conhecemos. Não duvidem, eles em breve virão a público.

Monday, February 19, 2007

Brasil, o melhor país do mundo

O Brasil tem o melhor desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro do mundo;
O Brasil tem o melhor carnaval de rua de Salvador do mundo;
O Brasil tem o melhor carnaval com frevo do Recife em Recife do mundo;
O Brasil tem o melhor campeonato brasileiro de futebol do mundo;
O Brasil tem o melhor campeonato paulista de futebol do mundo;
O Brasil tem as melhores novelas da Rede Globo do mundo;
O Brasil tem as melhores bandas de Calipso do mundo;
O Brasil tem as melhores bandas de Axé Miuzique do mundo.

Por fim, o Brasil tem o melhor povo brasileiro no Brasil do mundo.

Friday, February 16, 2007

Olavo de Carvalho x Marilene Felinto-3ºround

Segue agora o episódio final da discussão entre Olavo de Carvalho e Marilene Felinto e foi publicado na Folha de São Paulo no dia 10/05/2000. O episódio começou aqui e foi respondido aqui. Para entender do que se trata, vá ao quintal da outra casa.

"Missão cumprida
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Se uma pessoa não pensa, não sabe do que fala e não compreende o que lhe dizem, discutir com ela é impossível
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OLAVO DE CARVALHO

Diante do que expliquei sobre a esquerda e as drogas na Folha de 24/4 ("Tendências/Debates"), Marilene Felinto, enfezada criaturinha empenhada em mostrar serviço à ortodoxia ascendente, ligou sua máquina de denunciar e, nas linhas que consagrou à minha pessoa em 2/5 (pág. 3-2, Cotidiano), informou às autoridades do futuro Brasil socialista que sou perigoso, fascista, racista, homofóbico e de extrema direita, além de espírito de porco, paranóico, péssimo filósofo e falso desmascarador do discurso alheio.
Como ela usasse outros parágrafos do seu artigo para despejar de quebra um pouco de bile sobre o governador Anthony Garotinho e aproveitasse o restante para louvar a beleza, o charme e demais qualidades que compõem a seus olhos o sex appeal do traficante Marcinho VP, assim como para enaltecer os dons intelectuais que fazem do gatíssimo estuprador e assassino um profundo filósofo, compreende-se que não lhe restasse espaço para dizer o que, afinal, havia de errado nos meus argumentos.
Mas é claro que ela jamais teve a intenção de fazê-lo. Porta-vozes de uma hidrofobia coletiva não têm de apresentar razões. Convocam a massa enraivecida, apontam com o dedo um suspeito, gritam o nome do candidato à guilhotina e pronto. Missão cumprida. O nome do inimigo está registrado: no dia da vingança, não escapará. Marilene Felinto pode ir dormir em paz, sonhando cenas de amor bandido com Marcinho VP.
Não vou portanto discutir com a temível senhorita. Não vou tentar juntar, para examiná-los como se fossem coisa lógica, os cacos de um pensamento que expressa apenas uma personalidade errática e fragmentária, capaz de buscar no ódio projetivo a bodes expiatórios o alívio factício das paixões inconciliáveis que lhe atormentam a alma.
Aristóteles já alertava para a incongruência de debater com incapazes. Não vou prostituir a arte da lógica tentando fazê-la valer contra uma mente desconjuntada que, imediatamente após me atribuir um "simplismo direita-esquerda", sai me acusando logo de quê? De "direitista"!
Nem vou tentar me explicar a alguém que ignora completamente os fatos em questão, ao ponto de imaginar que a ajuda das esquerdas à disseminação das drogas é mera opinião minha, e não um fato notório reconhecido por quem quer que tenha vivido a década de 60 ou lido alguma coisinha a respeito.
O desprezo pela razão e a arrogância de opinar sem o mínimo conhecimento do assunto definem inconfundivelmente o incapaz a que se refere Aristóteles. Porém a Felinto realiza ainda com mais perfeição a essência da inépcia, na medida em que nem mesmo entende o que lê, pois me acusa de "ver esquerda e direita em tudo" justamente porque escrevi que um ex-ministro enxergou esquerda e direita num caso em que essas categorias eram totalmente descabidas.
Aí o conselho do estagirita já não expressa mais uma simples conveniência prática, mas uma necessidade lógica imperiosa: se uma pessoa não pensa, não sabe do que fala e não compreende o que lhe dizem, discutir com ela é não apenas inútil, mas impossível.
Diante de tanta estupidez, não vale nem a pena examinar o artigo dessa moça pelo lado moral. Não vou me entregar à faina inglória de remexer as trevas, contemplando a baixeza inominável de uma mentalidade da qual sua portadora, desprovida do dom da consciência, decerto se orgulha.
Também não vale a pena protestar em vão contra a frivolidade monstruosa que, na volúpia de insultar, apela a imputações criminais de extrema gravidade -tão artificiosas, tão deslocadas de seu alvo que não chegam a ter nem sequer a inocente dignidade do ridículo e são apenas, no fim das contas, uma coisa disforme e triste, uma esquisitice gratuita e deplorável.
Não me resta portanto muito o que dizer. Quero apenas registrar que Marilene Felinto cumpriu sua tarefa, a seus olhos talvez a mais alta a que um ser humano possa aspirar. Ela ergueu-se no meio da praça e apontou um suspeito. Não é para isso, afinal, que servem os jornalistas? Quando o Brasil tiver um governo comunista, ela poderá exibir seu artigo às autoridades e reivindicar aposentadoria especial por seus relevantes serviços de alcaguetagem de inimigos do povo.
"

Olavo de Carvalho x Marilene Felinto-2ºround

Artigo de Marilene Felinto à Folha de São Paulo publicado no dia 02/02/2000. O texto é uma resposta ao artigo de Olavo de Carvalho, já publicado abaixo. Para entender melhor do que se trata esta discussão, ler aqui.

"Da favelania à filosofia espírito de porco
MARILENE FELINTO
da Equipe de Articulistas

De novo o traficante Marcinho VP (aquele que recebeu uma bolsa do documentarista João Salles para escrever um livro), que é boa pinta, fala direito, tem lá um discurso articulado em defesa dos pobres e prega a "favelania", movimento pela conscientização política dos favelados.
Uma amiga minha olhou bem para a cara dele na TV, falando à CPI do Narcotráfico, e disse: nossa! O cara é bonito, gostoso! Que tempos, que país! Mas traficante manda cortar as mãos de criancinhas, queimar com cigarro. Mata gente inocente, rouba, assalta, estupra, só causa danos à sociedade. Não fosse isso, era o caso de namorar bandido.
O negócio do narcotráfico no Rio de Janeiro é bem essa comédia de horrores. O governador Anthony Garotinho, que parecia disposto a moralizar as polícias e os morros, que se elegeu com apoio de ricos e pobres, intelectuais e analfabetos, é um fiasco típico da política brasileira.
É como se, antes de se eleger, o indivíduo vestisse uma máscara, que tira depois de eleito. O resultado é esse excesso de cabelo de Garotinho, de idéias tronchas e blablablá evangélico de pseudo-pastor que só pensa em ser presidente da República!
Dizem que o principal assessor de Marcinho VP é também um evangélico. São dois lados da mesma moeda, portanto, o governador e o traficante, ambos manobrando a camada mais baixa da sociedade, que é sempre não-individual e, por isso, vítima das manifestações religiosas menos aristocráticas (essas seitas pentecostais) do que as religiões de renúncia, que buscam a meditação e o autoconhecimento.
Claro que ninguém está querendo ser indulgente com a droga ou o narcotráfico, mas é preciso admitir que o discurso do traficante faz sentido, enquanto o do governador não convence ninguém. O jornal carioca "O Dia" publicou no último domingo trechos do depoimento que VP deu a João Salles em 1996.
"Minha luta será sempre pelo povo", diz ele. "Eu queria fazer filosofia, ser professor. Aqui, para não ser morto, você tem de tomar uma atitude. (...). Não existe possibilidade do morro sem tráfico. Ou você é traficante ou escravo do capitalismo. O povo brasileiro é totalmente omisso, escravo. (...). Eu quero conscientizar o meu povo de que não pode continuar assim. Eles têm que brigar."
E VP seria, por fim, melhor professor de filosofia do que Olavo de Carvalho, jornalista-filósofo que escreveu na Folha de 24 de abril uma perigosa aula de moral e cívica sobre o narcotráfico.
Carvalho vê "esquerda" e "direita" em tudo -numa divisão propositalmente simplista-, e acha que a esquerda dos anos 60 é responsável pela apologia das drogas e a disseminação do vício.
Num verdadeiro surto de paranóia fascista, ele junta no mesmo saco o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, Frei Betto, os guerrilheiros de Chiapas, João Moreira Salles e Luiz Eduardo Soares, ex-subsecretário da Segurança do Rio, todos, segundo Carvalho, esquerdistas desonestos, empenhados em combater a "direita" e não o narcotráfico.
O discurso é idêntico ao da extrema-direita francesa, também racista e homofóbica. Carvalho é um espírito de porco da filosofia, escondido sob o epíteto de "expert do desmascaramento da pseudo-argumentação". O morro, sim, é que é o verdadeiro professor.
"

Olavo de Carvalho x Marilene Felinto-1ºround

Artigo de Olavo de Carvalho à Folha de São Paulo no dia 24/04/2000. Link original aqui.
Para entender do que trata este post, ler aqui.

"Drogas e prioridades
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A podridão esquerdista é pura e sem mácula como uma hóstia consagrada
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OLAVO DE CARVALHO

José Carlos Dias, ao sair do Ministério da Justiça alertando o governo para "não transigir com os reacionários e a direita", mostrou que estava no cargo menos para combater o tráfico de drogas do que para fazer política de esquerda. Que esses objetivos fossem conflitantes, nada mais natural: a esquerda fez a apologia das drogas desde a década de 60 e é moralmente responsável pela disseminação do vício.
Se, passados 40 anos, a troca de gerações no poder eleva um esquerdista à posição de repressor oficial do tráfico, ele pode até se esforçar para dar uma aparência verossímil ao seu desempenho, mas acabará se traindo mais dia menos dia e confessando que sua luta não era contra os traficantes, e sim contra "a direita".
De fato, como poderia desejar mover guerra ao tráfico um adepto confesso da liberação das drogas? Tanto mais que o ex-ministro não se limitou a suportar como formalidade incômoda seu papel de comandante nessa luta, mas arrogou à sua pessoa o controle dos meios práticos de combate, condenando iniciativas independentes.
Como explicar o ciumento apego desse homem ao comando de uma guerra que declaradamente não era a sua, exceto pela hipótese de que ao assumi-lo tivesse outros objetivos, mais discretos e a seu ver mais relevantes?
Para um esquerdista, a luta ideológica é tudo. Todos os demais objetivos e desejos humanos, por mais elevados e urgentes, devem ser subordinados a essa exigência primeira, única e obsediante: derrubar a democracia capitalista, instaurar em seu lugar o império da "nomenklatura". O combate às drogas não constitui exceção.
Se nas circunstâncias do momento ele serve acidentalmente ao supremo objetivo político, pode até ser usado. Se é inútil ou indiferente a esse fim, deve esperar pacientemente na longa fila de prioridades. E, se por acaso se opõe aos intuitos revolucionários, deve ser substituído pela propaganda das drogas e pela resistência a todo esforço repressivo, como o foi nos anos 60 e 70.
Os esquerdistas, enfim, não têm nada contra as drogas ou a favor delas: simplesmente servem-se delas ou da sua repressão conforme lhes convenha.
Não estou pondo em dúvida a moralidade pessoal do ex-ministro, estou apenas dizendo aquilo que sempre disse: que não existe nem pode existir esquerdista intelectualmente honesto, que esquerdismo é, por definição, desonestidade intelectual.
Essa desonestidade pode permanecer disfarçada durante algum tempo, mas desponta em toda a plenitude da sua feiúra sempre que um esquerdista sobe a um cargo de poder no "Estado burguês": aí não é mais possível esconder a dupla lealdade que o compromete, de um lado, com a defesa do Estado e, de outro, com a sua destruição.
Por melhor a intenção que alegue, ele terá de apelar a todas as complacências dialéticas de uma moralidade frouxa para se acomodar a uma condição objetivamente contraditória. Ninguém pode passar por isso sem se corromper interiormente e sem espalhar no ambiente os germes da sua inconsistência.
Ser esquerdista, nessas horas, é necessariamente incorrer na maldição bíblica: "bilinguis maledictus", maldito o homem de duas línguas.
Isso se tornou patente não só no caso do ex-ministro Dias como também no do ex-subsecretário da Segurança do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Soares, criatura bifronte que com uma de suas cabeças perseguia os policiais envolvidos no tráfico e com a outra dava respaldo ao amigo banqueiro para ajudar um traficante a estudar guerrilha.
A explicação do aparente paradoxo reside, como sempre, na unidade do critério ideológico subjacente às ações opostas: há um tráfico bom e um tráfico mau. O mau é aquele que se alia a velhas elites policiais comprometidas com o passado, com o regime militar e, numa palavra, com a "direita". O bom é aquele que almeja fazer uma parceria com os guerrilheiros de Chiapas para armar no Brasil a maior guerra civil de todos os tempos e instaurar aqui o "reino de Deus na Terra", que é como frei Betto, uma indiscutível autoridade em assuntos celestes e terrestres, denomina o regime cubano.
A banda podre não é podre por ser podre, mas por ser "de direita". A podridão esquerdista é pura e sem mácula como uma hóstia consagrada.
Confirma-o a beatificação de João Moreira Salles, celebrada na sala da Cinemateca pela fina flor do radicalismo chique quando do lançamento do filme "Notícias de uma Guerra Particular", um ataque moralista ao hediondo costume que os policiais têm de atirar nos traficantes que atiram neles.
Contra esse modo "militaresco" (sic) de lidar com os pobres e oprimidos capitães do crime, o seráfico cineasta propõe um método alternativo mais humano e cristão: dar-lhes dinheiro para que vão ao exterior aprimorar seus conhecimentos da técnica de matar.
Perseguir os traficantes, ajudá-los ou simplesmente esquecê-los é, pois, para a mentalidade esquerdista, uma simples questão de oportunismo.
Prioridade, mesmo, só existe uma: eliminar a execrável "direita", seja com a ajuda dos traficantes, seja a despeito deles, seja enterrando-os na mesma cova com os reacionários. O ex-ministro Dias pode, na sua imaginação subjetiva, ter tentado levar a sério o papel de supremo comandante do combate às drogas. Mas seu velho comprometimento ideológico, mais durável e exigente que as obrigações passageiras de um cargo público, acabou por prevalecer. Outro tanto passou-se na alma de Luiz Eduardo Soares.
Se fosse possível existir um esquerdista intelectualmente honesto, esse homem de exceção compreenderia que a erradicação do flagelo das drogas é um objetivo que deve estar acima de toda picuinha ideológica, que esquerdistas, direitistas e quantas mais facções políticas existam devem unir-se incondicionalmente numa guerra da qual depende a salvação das futuras gerações. Mas esse homem não é o ex-ministro Dias, como também não é Soares.
"

Tuesday, February 13, 2007

Teorema da MORTE GLORIOSA

Morrer é para qualquer um. Morrer na glória é para poucos. Virar mito por morrer na hora certa, ah, isto então...

A teoria é simples: Quantos não são os seres que, de súbito, alcançam tanto destaque em seus ramos de atividade que logo são considerados gênios? E destes quantos não são os que, com o passar dos anos, voltam à condição de simples e medíocres mortais? A genialidade parece então ter sido apenas um espasmo juvenil, um pico de brilhantismo precoce e passageiro. Por conta do ostracismo do ex-gênio ao longo dos anos, chega-se até a esquecer o brilhantismo que outrora lhe pertenceu. Melhor não teria sido a estes que tivessem morrido logo após a criação de suas obras-primas? Melhor não seria ter entrado na história por "aquilo que fez em carreira tão curta" e por "tudo aquilo que teria feito não fosse a morte precoce"? Mas não, eles insistem em não morrer e continuar a produzir mesmo sem mais nada a oferecer. E quando morrem todos sentem um certo alívio. Até que enfim aquele chato que se achava gênio morreu e parou de encher o saco.
Teorema que é teorema bom de verdade necessita de exemplos. Então vamos a alguns:


Aplicação do Teorema da MORTE GLORIOSA na Poesia

Castro Alves: Inegável dizer que Castro Alves é um exemplo vivo, ou melhor, um exemplo morto da perfeição deste Teorema. Seu brilhantismo não teria como se sustentar por muitos anos. Ou vocês acham que "O Livro e a América" poderia ser escrito por um homem com mais de 30 anos? Castro Alves nem chegou aos 30! Imaginem Castro Alves com seus quase 80 anos participando da "Semana de Arte Moderna"? A MORTE GLORIOSA nos livrou deste mal.
Machado de Assis: Quem era Machado de Assis até seus 30 anos? "A mulher é um catavento,/Vai ao vento,/Vai ao vento que soprar;/Como vai também ao vento/ Turbulento/Turbulento e incerto o mar". Graças a sua poesia ruim e não destacada até os 30 é que Machado pode então se preparar para mais tarde criar dos melhores romances latinos de todos os tempos. Ou vocês duvidam que elogios e glorificação por versos como os destacados não seriam bastantes para tirar Machado do bom caminho?

Aplicação do Teorema da morte gloriosa na Música Popular Brasileira

Jorge Ben: Desnecessário entrar em minúcias. O grande talento e inovador sobrevive até hoje. Mas não há uma pessoa uqe conheça obras valiosas dele nos últimos, sei lá, 30 anos. Morresse logo em seguida ao seu surgimento viraria um "Monstro Sagrado da MPB"( pois é, "monstro sagrado é um elogio ).
Chico Science: O contrário de Jorge Ben. Morreu na hora certíssima. É cultuado, sempre que se completa mais um ano de sua morte os cadernos culturais dos jornais gastam páginas e mais páginas refletindo sobre o revolucionário movimento MangueBeat. Estivesse vivo até hoje teríamos que suportá-lo naqueles chatíssimos "Acústicos" em que sempre seguem as regras de: 1) Convidar ao menos 3 participantes chatos; 2) O artista chato e o convidado chato inevitavelmente trocam elogios mútuos durante o dueto dos chatos; 3) O artista chato sempre contra uma dezena de músicos conceituados para que participem da gravação e tornem o número um pouco menos chato.
Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil: Alguém poderia me dizer uma, umazinha que seja música destes 3 que tenha sido criada nos últimos 20 anos e que tenha algum valor? Do Caetano, não vale citar o famoso "Êta, êta, êta, êta/ É a lua, é o sol/ É a luz de Tieta". Do Gil, não vale citar a música que começa assim : "Criar meu website/ Fazer minha home-page".

Aplicação do Teorema da morte gloriosa no Rock´n Roll

Kurt Cobain e Eddie Vedder: Um morreu na hora certa e entrou para a galeria dos gênios do gênero mesmo tendo criado apenas dois álbuns consistentes. Eddie Vedder àquela altura tinha músicas muito melhores mas não, insistiu em continuar vivo. Hoje é um chato de galocha e só tem relevância por ser um capitalista socialista e um americano anti-americano. Seus últimos 6 álbuns são irrelevantes para a história do rock.
Oasis: QUem são mesmo estes? Ah, são aqueles que, em meados dos anos 90 apareciam como a nova esperança do rock inglês, os novos "Beatles". Imaginem o quanto seriam cultuados os irmãos Gallagher se morressem logo após o lançamento do single de Wonderwall. Mas não, insistiram em viver e provar que não chegam nem aos pés de "I saw her standing there", primeira música do primeiro álbum dos Beatles.
John Lennon: Alguém pode pensar que John Lennon não morreu no auge. Na verdade é isto mesmo, ele morreu quando estava numa decadência só. E pior, ofuscado pelo sucesso mercadológido de seu então inimigo, Paul McCartney. Não fosse o maluco em seu jardim, John Lennon permaneceria com aqueles terríveis gritos e gemidos em seus álbuns feitos em parceria com Yoko até hoje. Ele estava no ostracismo e somente a Morte Gloriosa poderia resgatá-lo naquele momento. E a MORTE GLORIOSA só não o pegou nos tempos de Beatles porque, embora uma senhora nefasta, ela também tem bom gosto musical e é uma Beatlemaníaca.

Thursday, February 08, 2007

Tapetes Voadores ( João Pereira Coutinho )

Pela primeira vez, este espaço será cedido para um ótimo artigo. E logo de cara vai de um dos meus colunistas preferidos, João Pereira Coutinho. Segue o texto na íntegra:


Tapetes voadores ( JOÃO PEREIRA COUTINHO )
Grupo no Reino Unido acusa a indústria cultural de representar os muçulmanos de forma ofensiva

VOCÊS LEMBRAM as charges de Maomé? Eu lembro. E lembro o colunista Mark Steyn, no "Chicago Sun-Times", questionando: não é estranho que o Islã entre em ebulição com uns desenhos e ignore os terroristas que ostentam o nome do profeta para matar? Mohammad Atta. Mohammad Khan. Mohammad Al-Nasser. Se isso não é heresia, o que é a heresia?
Problema idêntico voltou nos últimos dias. A Islamic Human Rights Comission, sediada no Reino Unido, publicou o estudo "The British Media and Muslim Representation: The Ideology of Demonisation". O grupo acusa a indústria cultural, sobretudo Hollywood, de representar os muçulmanos de forma ofensiva.
Assistam aos filmes do Indiana Jones. Assistam ao desenho "Aladdin" e escutem o sotaque ridículo do gênio que salta da lâmpada. Os muçulmanos, no cinema, são sempre mentirosos, ladrões, criminosos, terroristas, leitores compulsivos de Chomsky. Um dos autores do estudo afirma mesmo que a situação só é comparável à perseguição que os judeus sofreram na Alemanha nazista.
Mas existem soluções. Se a cultura pop é ofensiva, nada melhor que censurá-la. A idéia, se bem percebi, é apagar estes estereótipos grosseiros. E apresentar o "muçulmano" como um novo super-herói, disposto a salvar a humanidade e nunca, jamais, interessado em rebentar com ela. Imagino o filme: o Super Ali, voando em seu tapete, pronto para salvar um cristão, um hindu, eventualmente um judeu. Sim, sei: estou sendo ofensivo. Os tapetes não voam.
Ofensivo e, já agora, otimista. Eu entendo a dificuldade do muçulmano honesto e pacífico em viver num mundo que lhe é hostil. Mas, como aconteceu com as charges, talvez o muçulmano honesto e pacífico devesse perguntar se o comportamento recente de alguns companheiros de fé não contribuiu para essa lamentável hostilidade.
Na década de 30, o judeu era acusado de corromper, econômica e moralmente, a nação germânica. A acusação assentava numa mentira ou na fabricação de uma verdade conveniente. Hoje, se o vilão cinematográfico tem sotaque árabe e se prepara para cometer um atentado, será que a realidade em volta não confirma essa islâmica identidade?
Infelizmente, o Reino Unido tem tido alguma experiência na matéria. E, na semana em que as brigadas pediam censura sobre Hollywood, a polícia britânica prendia nove suspeitos. Supostamente, os nove tencionavam raptar um soldado (muçulmano) regressado do Afeganistão e, suprema gentileza, torturá-lo (devagar) e decapitá-lo (via internet). O gesto não é uma originalidade no Oriente Médio. Também não é uma originalidade pela nacionalidade da vítima potencial (há dois anos, um engenheiro de Liverpool conheceu tratamento igual no Iraque). Mas é uma originalidade no próprio Reino Unido: depois dos atentados em julho de 2005, o rapto e a decapitação do "apóstata" nativo.
Escusado será dizer que os nove eram muçulmanos. E escusado será dizer que, entre a realidade e a ficção, talvez a realidade seja ligeiramente mais ofensiva do que o sotaque de um desenho animado.

Monday, February 05, 2007

A resposta de Prince

O SuperBowl é um evento simplesmente fantástico. Ainda que a pessoa não goste do esporte, a final do Futebol Americano encanta pela perfeição da organização e promoção. Quem viu ontem pôde curtir um espetacular show de Prince no intervalo e com certeza se impressionou com a competência da produção que, em questão de minutos, montou um palco gigantesco no meio do campo com direito a toda parafernália sonora. Para piorar, sob chuva. Ainda assim em apenas 5 minutos após o show o campo já estava perfeito para a continuação do jogo. Fantástico.
E a promoção do jogo começou bem antes. Prince, há muito tempo distante do mainstream musical retornou à normalidade: Abandonou o não-nome (?) representado por aquele símbolo, voltou a atender por Prince e retornou à promoção comercial de seus álbuns. Mas marcante mesmo foi a entrevista coletiva dele a respeito do show que daria no intervalo do SuperBowl. Reunida a imprensa para entrevistá-lo a respeito do show, o cantor, famoso por sua aversão a entrevistas começou falando: "Contrary to the rumour, I´ll let you take few questions right now". E seguiu de uma forma sensacional. Assistam:

Saturday, February 03, 2007

Aquecimento global sob outro ângulo

Diretamente da comunidade do Greenpeace no Orkut :

Friday, February 02, 2007

Para o fim-de-semana

Você conhece o mundo dos nerds? Não? Se não conhece, então você provavelmente pronuncia "nérdi". Está errado, o certo é "nãrdi".
Agora que eu já ensinei o jeito correto de falar "nerd" acho que vocês já estão prontos para ver o que há de mais engraçado neste universo paralelo deles: As competições de "Air Guitar".
"Air Guitar" ou "guitarra imaginária" é um tipo de competição em que um nerd qualquer sobe ao palco e, sob uma música bem louca ( quanto mais louca melhor ) mimetiza um guitarrista. De preferência, com uma roupa bem ridícula que pode ser desde uma simples sunga a alguma fantasia bizarra. É elementar que uma competição deste tipo só poderia atrair os tipos mais malucos e nerds do mundo. E como o que não falta neste mundão é nerds, o "Air Guitar World Championship" é um sucesso. No campeonato de 2006, dentre os finalistas havia gente dos Países Baixos, da Austrália, do Japão, do Reino Unido e EUA, entre outros. Os competidores? Gente como Benjamin "Helmutt" Greaney, Kanagawa "Super IQ" IQ, Gabriele "The Hoxton Creeper" Matzeu e por aí vai.
Aí você, uma pessoa normal, deve estar pensando: "Pô, como é que seria uma competição dessas?". Então prepare-se para ver em ação Michael "The Destroyer" Heffels. Para se familiarizar um pouco mais, recomendo a performance de Ochi "Dainoji" Yosuke, atual campeão mundial .
Pois agora que você já é um especialista, acompanhe esta apresentação de gala de um japonês vestido com colar (?) da Hello Kitty. É considerada a melhor apresentação de Air Guitar de todos os tempos!



P.S.: Não, eu não sou um nerd. Ainda não sei tocar Air Guitar.

WAR


Minha missão em 2007: Destruir os exércitos vermelhos.