Crônicas do "Da C.I.A"

Tuesday, February 13, 2007

Teorema da MORTE GLORIOSA

Morrer é para qualquer um. Morrer na glória é para poucos. Virar mito por morrer na hora certa, ah, isto então...

A teoria é simples: Quantos não são os seres que, de súbito, alcançam tanto destaque em seus ramos de atividade que logo são considerados gênios? E destes quantos não são os que, com o passar dos anos, voltam à condição de simples e medíocres mortais? A genialidade parece então ter sido apenas um espasmo juvenil, um pico de brilhantismo precoce e passageiro. Por conta do ostracismo do ex-gênio ao longo dos anos, chega-se até a esquecer o brilhantismo que outrora lhe pertenceu. Melhor não teria sido a estes que tivessem morrido logo após a criação de suas obras-primas? Melhor não seria ter entrado na história por "aquilo que fez em carreira tão curta" e por "tudo aquilo que teria feito não fosse a morte precoce"? Mas não, eles insistem em não morrer e continuar a produzir mesmo sem mais nada a oferecer. E quando morrem todos sentem um certo alívio. Até que enfim aquele chato que se achava gênio morreu e parou de encher o saco.
Teorema que é teorema bom de verdade necessita de exemplos. Então vamos a alguns:


Aplicação do Teorema da MORTE GLORIOSA na Poesia

Castro Alves: Inegável dizer que Castro Alves é um exemplo vivo, ou melhor, um exemplo morto da perfeição deste Teorema. Seu brilhantismo não teria como se sustentar por muitos anos. Ou vocês acham que "O Livro e a América" poderia ser escrito por um homem com mais de 30 anos? Castro Alves nem chegou aos 30! Imaginem Castro Alves com seus quase 80 anos participando da "Semana de Arte Moderna"? A MORTE GLORIOSA nos livrou deste mal.
Machado de Assis: Quem era Machado de Assis até seus 30 anos? "A mulher é um catavento,/Vai ao vento,/Vai ao vento que soprar;/Como vai também ao vento/ Turbulento/Turbulento e incerto o mar". Graças a sua poesia ruim e não destacada até os 30 é que Machado pode então se preparar para mais tarde criar dos melhores romances latinos de todos os tempos. Ou vocês duvidam que elogios e glorificação por versos como os destacados não seriam bastantes para tirar Machado do bom caminho?

Aplicação do Teorema da morte gloriosa na Música Popular Brasileira

Jorge Ben: Desnecessário entrar em minúcias. O grande talento e inovador sobrevive até hoje. Mas não há uma pessoa uqe conheça obras valiosas dele nos últimos, sei lá, 30 anos. Morresse logo em seguida ao seu surgimento viraria um "Monstro Sagrado da MPB"( pois é, "monstro sagrado é um elogio ).
Chico Science: O contrário de Jorge Ben. Morreu na hora certíssima. É cultuado, sempre que se completa mais um ano de sua morte os cadernos culturais dos jornais gastam páginas e mais páginas refletindo sobre o revolucionário movimento MangueBeat. Estivesse vivo até hoje teríamos que suportá-lo naqueles chatíssimos "Acústicos" em que sempre seguem as regras de: 1) Convidar ao menos 3 participantes chatos; 2) O artista chato e o convidado chato inevitavelmente trocam elogios mútuos durante o dueto dos chatos; 3) O artista chato sempre contra uma dezena de músicos conceituados para que participem da gravação e tornem o número um pouco menos chato.
Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil: Alguém poderia me dizer uma, umazinha que seja música destes 3 que tenha sido criada nos últimos 20 anos e que tenha algum valor? Do Caetano, não vale citar o famoso "Êta, êta, êta, êta/ É a lua, é o sol/ É a luz de Tieta". Do Gil, não vale citar a música que começa assim : "Criar meu website/ Fazer minha home-page".

Aplicação do Teorema da morte gloriosa no Rock´n Roll

Kurt Cobain e Eddie Vedder: Um morreu na hora certa e entrou para a galeria dos gênios do gênero mesmo tendo criado apenas dois álbuns consistentes. Eddie Vedder àquela altura tinha músicas muito melhores mas não, insistiu em continuar vivo. Hoje é um chato de galocha e só tem relevância por ser um capitalista socialista e um americano anti-americano. Seus últimos 6 álbuns são irrelevantes para a história do rock.
Oasis: QUem são mesmo estes? Ah, são aqueles que, em meados dos anos 90 apareciam como a nova esperança do rock inglês, os novos "Beatles". Imaginem o quanto seriam cultuados os irmãos Gallagher se morressem logo após o lançamento do single de Wonderwall. Mas não, insistiram em viver e provar que não chegam nem aos pés de "I saw her standing there", primeira música do primeiro álbum dos Beatles.
John Lennon: Alguém pode pensar que John Lennon não morreu no auge. Na verdade é isto mesmo, ele morreu quando estava numa decadência só. E pior, ofuscado pelo sucesso mercadológido de seu então inimigo, Paul McCartney. Não fosse o maluco em seu jardim, John Lennon permaneceria com aqueles terríveis gritos e gemidos em seus álbuns feitos em parceria com Yoko até hoje. Ele estava no ostracismo e somente a Morte Gloriosa poderia resgatá-lo naquele momento. E a MORTE GLORIOSA só não o pegou nos tempos de Beatles porque, embora uma senhora nefasta, ela também tem bom gosto musical e é uma Beatlemaníaca.

1 Comments:

  • John Lennon morreu no ostracismo?
    O recém lançado álbum Double Fantasy estava em primeiro lugar nas paradas inglesas e americanas.
    Inimigo de Paul ?
    Estavam amigos e se falando constantemente ao fone, basta ler a entrevista que John deu à Playboy 2 meses antes de morrer.
    Cara no jardim matou ele?
    Você quis dizer calçada do prédio né?
    Pelo menos você gosta dos Beatles, pena que é meio desinformado.

    Por Anonymous Anonymous, às 6/12/08 06:18  

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